quarta-feira, 17 de março de 2010

Ultimo dia de vida ...

Uma das melhores propagandas dos ultimos tempos. Boa filosofia para adotarmos. Viver cada dia como se fosse o ultimo. Eu ja fiz a minha lista. Nao eh dificil ser feliz ... Pq complicamos entao ?

1. Acordar, espreguicar e dar e receber um bjo de quem amamos e nos ama.
2. Cafe da manha reforcado com muitas frutas e sucos.
3. Surfar com os amigos e contemplar o nascer do sol.
4. Meditar, esvaziar a mente, ao som da natureza, com o canto dos passaros.
5. Fazer um voo-duplo com minha mae e nadar com meu pai.
6. Preparar um peixe na folha de bananeira para toda a familia.
7. Reunir os amigos de perto e de longe, e prosear amenidades, sem compromissos.
8. Andar de kite curtindo o por do sol.
9. Comer um Temaki ...
10. Rir de gargalhar ate sentir dor na barriga ... Chorar de felicidade.
11. Fazer alguem gargalhar sem parar e chorar de felicidade.
12. Ajudar alguem que necessite de apoio ...
13. Dormir cedo e sereno, com barulho da chuva e cheiro de mato, ao lado do meu amor.
14. Curtir as criancas e brincar como uma.
15. Banho de cachoeira limpando a alma. Levar minha mae e irmas.
16. Cantar uma musica no chuveiro.
17. Ver televisao com a familia na sala, esquecer da vida e dormir no sofa.
18. Ensinar alguem a ler e escrever.
19. Me vestir de papai noel (de novo).
20. Montar um horta em casa.

Carta Publica de Demissao

Hoje me demito da "funcao de workaholic". Me demito de todas as coisas ruins. Da inveja, da hipocrisia, do medo de seguir em frente. Me demito de culpas ou magoas que por vezes posso ter alimentado. Me demito da tristeza. Me demito da mente presa no passado ou futuro. Vou viver o hoje. Dia apos dia.

Viva a vida que vive. Passa rapido. Vamos equilibrar a familia, saude, lazer, espiritualidade e certamente deixaremos um planeta melhor para se viver. Vamos cuidar da nossa nave-mae.

Como ja dizia o sabio Gandhi: "seja a mudanca que vc quer ver no mundo".

quarta-feira, 10 de março de 2010

2 voos de superacao ...



Dia 7 de marco. Um domingo que ficara na memoria de 3 amigos. 2 historias diferentes, mas com emocoes tao parecidas. 2 voos de superacao motivados por necessidades distintas, mas com certeza muito especiais.

Os amigos sao Cleyton e Paulo Honorato. O primeio, voador novato, mas muito habilidoso, que no entanto, esta vencendo a barreira mental de superar o trauma de seu acidente e retornar com seguranca ao esporte. O outro, eh Paulo Honorato, grande amigo e instrutor de natacao, que muito me ajudou a vencer a lesao do meu joelho no ano passado, e dotado de um bom humor raro. 2 figuras abencoadas, com as quais tive o grande privilegio de compartilhar esta tarde de especial de domingo.

Chegamos em Sao Vicente por volta das 15h30. Condicao perfeita, com vento moderado, alinhado de frente e obviamente, rampa cheia. Muitos pilotos estampados no ceu, acima da altura da rampa, e varios outros na fila para decolagem.

Avaliamos a condicao, e apos observar algumas decolagens, Cleyton decidiu decolar. Checamos equipamento e aguardamos nossa vez. Ansioso, mas decidido a superar o seu bloqueio (apenas psicologico na minha opiniao). Um olhar distante nao disfarcava sua aprensao natural do primeiro voo de retorno apos o acidente. Comentarios variados de outros pilotos pareciam nao ajudar a manter sua mente no presente. Mentalize uma decolagem perfeita e o seu pouso, me dizendo: "big fly, uhhu, pousei, to amarradao", tentei para ajudar a centralizar seu pensamento.

Pernas bambas, mas pulso firme, puxou a vela para cima, estabilizou na cabeca e correu para a decolagem ... Um, dois, tres passos, na corrida final rumo ao seu voo ... mas no ultimo instante, abortou a decolagem, com seguranca. Me disse que nao estava preparado. Mente presa no passado e medo do futuro. O desafio nao era voar, mas sim dominar seus pensamentos. Paulao tambem tentou ajudar com algumas palavras de incentivo. Mas decidimos esperar um pouco mais, era o tempo da rampa esvaziar e ficarmos mais a vontade para decolar. E mais do esvaziar a rampa, principalmente esvaziar os pensamentos que dominavam seus passos. Sem problemas. Uma decisao sabia, nada de ansiedade, pensei.

Mais uma meia hora, a condicao ficava ainda mais serena, e finalmente a rampa vazia. Mas sera que sua mente tambem teria esvaziado ? Como um incentivo, eu lhe disse: "vamos, eh a sua hora". Parecia o impulso que faltava. Cleyton levantou-se, desta vez firme, e reequipou-se com uma postura decidido a superar-se. Vela na cabeca, correu para uma decolagem perfeita. "Relaxa, voce esta voando, linda decolagem", lhe disse pelo radio. Voou reto ate a praia, praticamente sem curvas e fez uma aproximacao perfeita, pousando com seguranca. "Pousei bem, big fly", ele me disse pelo radio apos uns 15 minutos de voo. Missao cumprida, pensei, agora falta o Paulao.

Pegamos o equipamento de voo-duplo, equipamos, fizemos um treino simulando a decolagem e chegava mais perto nossa hora de decolar. Paulao parecia tranquilo, olhar calmo, sereno, sem medo. Pedi para que ele mentalizasse um pedido especial, mas que nao precisava me dizer o que era. Esperamos 2 ou 3 decolagens (congestionamento nao eh so na sexta-feira em congonhas nao ...), e finalmente chegou nossa vez.

Paulao correu de maneira perfeita, e finalmente nos lancamos nesta nova atmosfera. Uma ambiente novo, onde o espaco e tempo parecem ter um relogio diferente ... Em poucos segundos (ou minutos, nao sei dizer), Paulao comecou a gritar de alegria. Um grito misturado com um choro de crianca, que parecia limpar sua alma. "Obrigado, obrigado, dudu", ele gritava entre um soluco e outro. "Nao vou nem tirar foto ... obrigado, obrigado", completou, parecendo querer aproveitar intensamente cada instante daquele momento tao magico.

No ar, parece que estamos na terra do nunca ... somos todos criancas revivendo sonhos infantis de tocar o ceu e mudar a perspectiva da nossa vida, com uma visao das alturas, um olhar digno dos deuses. Ainda em voo, Paulao me confidenciou: "meu pedido foi para que deus continue me abencoando com amigos especiais como vc". Sem duvida, o privilegio era meu por simplesmente ter uma companhia tao especial ...

Voamos proximo ao relevo, acima das arvores, subindo e descendo em como um elevador imaginario ... Voamos em cima das ruas, do teleferico, e bem perto dos predios. Aos poucos, Paulao relaxava ainda mais e tirava fotos e mais fotos.

Chegou a hora do pouso, e em funcao do pouco vento, comecamos a fazer algumas manobras mais intensas para pousarmos na grama. Um ou dois pendulos forcados, e alinhamos reto no pouso. Enfim tocamos o chao e um abraco em silencio pareceu eternizar aquele momento.

No pouso, nos reunimos novamente os 3. Todos com a mesma alegria. Cada sorriso revelava uma superacao e conquista diferente, mas todos vitoriosos.

Paulao me disse que parecia mais leve, seus problemas pareciam ter ficado no ceu. Como um marco que anunciava o inicio de uma nova fase, um novo Paulo, um novo sorriso. E ja falava em comecar o curso de parapente.

Cleyton parecia em extase. Poucas palavras, mas um sorriso que nao cabia no rosto. Um sorriso de libertacao. Depois me disse que se sentia mais vivo. E que na sua caminhada ate o carro, o ambulante lhe disse: "que deus abencoe voce no ar em cada voo que fizer" ... Mais do que bencao divina, era importante aprender a ler os sinais que o universo transmite.

Para mim, uma tarde de muito aprendizado. Como disse, o ceu tem um relogio diferente. Parecia que eu tinha vivido 5 anos em 1 tarde ... Obrigado, meus amigos.

Por fim, na despedida, no carro, Paulao me perguntou: "me manda as fotos ? E vai escrever no blog ?"

Ai esta Paulao. Nao poderia deixar passar em branco uma historia tao rica como esta ... Namaste.