segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O Pinguim e a Ignorancia ...

Ultimo sabado. Recebi a visita de um grande amigo de Vitoria, Fabiao. Ele foi ao Rio com a missao de encontrarmos uma prancha de stand-up para levar para sua terra. Levei-o a uma das mais completas lojas da cidade e cumprimos rapidamente a missao. Prancha em otimo estado, preco justo.

Resolvemos aproveitar o fim da tarde para dar uma remada na praia da barra e renovar as energias com Iemanja. Sugeri fazermos uma travessia ate a ilha, mas realmente o horario ja nao era o mais recomendado. Em breve o sol beijaria o mar.

Mar verde-azul caribenho, a rainha do mar abencou o mergulho. Alguns minutos de energizacao positiva, voltei para a areia. Pensamento distante, voando como uma gaivota sem rumo, deixei a mente bem longe dali. A reflexao logo foi interrompida por um pinguim. Isso mesmo, em pleno mar do Rio de Janeiro, um pinguim abencoava as praias cariocas. Certamente, perdeu o rumo e desviou do seu trajeto original atraves de alguma corrente errada, pensei.

Atordoado, o bichinho parecia tentar se salvar no meio das ondas. Erguia a cabeca e mergulhava, ja quase na areia. Criancas, mulheres e mais alguns curiosos comecaram a se misturar. Enquanto a corrente arrastava-o, as pessoas seguiam quase hipnotizadas. Pareciam avessas a sua dor, como que assistindo a um espetaculo circense gratuito.

De repente, um homem correu e pulou na agua na direcao do pinguim. Enfim alguem ira salva-lo, pensei. Imaginei que o homem tentaria leva-lo ate depois da arrebentacao, mas sua atitude infelizmente ficou bem longe disso ... Inacreditavelmente o homem cercou o pinguim e ergueu-o como que um trofeu. Um pinguim pequeno, deveria ser um filhote, que se debatia sem controle nas maos do pobre ignorante.

Sem pensar corri ate o sujeito e gritei: "solta o pinguim, seu maluco. Isso eh crime ecologico, vamos para a delegacia". Sem entender, o homem soltou o animalzinho, que afundou na agua aliviado. "So ia tirar uma foto", disse o ignorante, enquanto chegavam outros 2 marmanjos. Atitude impensada numa cidade tao violenta, eu sei. E tb nao sou de briga. Paz e amor, sempre. Mas nao conseguiria deixar uma cena tao impune. Impossivel assistir e nao reagir.

Entrei na agua e tentei forcar o pinguim a nadar para fora da arrebentacao, mas perdi-o de vista ...

Certamente o pinguim estava buscando um corrente mais fria em pleno mar carioca. Mas encontrou apenas o coracao gelado da ignorancia humana ... Que deus proporcione mais calor ao coracao do ignorante e aguas mais geladas ao perdido pinguim. Amem.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A Natureza como Templo


Sabedoria em poesia de Alberto Caeiro (heteronimo de Fernando Pessoa), que via a natureza como uma forma da manifestacao divina ... Homenagem a aqueles que escolhem a simplicidade da natureza com um templo para refugio dos seus pensamentos.

"Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora".

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Grandeza do Mar




"Você sabe por que o mar é tão grande?
Tão imenso? Tão poderoso?
É porque teve a humildade de colocar-se alguns centímetros
abaixo de todos os rios.
Sabendo receber, tornou-se grande.
Se quisesse ser o primeiro, centímetros acima de todos os rios,
não seria mar, mas sim uma ilha.
Toda sua água iria para os outros e estaria isolado.
A perda faz parte.
A queda faz parte.
A morte faz parte.
É impossível vivermos satisfatoriamente.
Precisamos aprender a perder, a cair, a errar e a morrer.
Impossível ganhar sem saber perder.
Impossível andar sem saber cair.
Impossível acertar sem saber errar.
Impossível viver sem saber viver.
Se aprenderes a perder, a cair, a errar, ninguém mais o controlará.
Porque o máximo que poderá acontecer a você é cair, errar e perder.
E isto você já sabe.

Bem aventurado aquele que já consegue receber com a mesma naturalidade
o ganho e a perda, o acerto e o erro, o triunfo e a queda, a vida e a morte".

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Fabula do Rei


"Não devemos permitir que alguém saia de nossa presença sem sentir-se melhor e mais feliz". Devemos acreditar que a Esperança e a Fé possam realmente modificar um determinado padrão e fazer acontecer o Milagre.

Existe uma fábula do Rei que sonhou perder todos os dentes. Para quem ainda não a conhece é a seguinte:

Um rei, depois de sonhar que havia perdido todos os dentes, acordou amargurado e mandou chamar dois sábios para interpretar seu sonho.

O primeiro disse: "Que desgraça, Majestade... representa a perda de vossos familiares"!
- O Rei, indignado, disse: como se atreve a dizer tal coisa e ordenou recebesse 50 chicotadas.

O segundo sábio disse: "Que felicidade Majestade! Indica que terá vida longa e que irá viver mais do que todos os seus familiares"!
- O Rei ficou feliz e mandou dar ao sábio 50 moedas de ouro".

Ambos os sábios estavam certos e cumpriram com a verdade.
Tudo depende da maneira de dizer as coisas. Esse é o grande desafio! É daí que vem a felicidade ou o desconforto.

É tudo muito delicado, pois primeiramente é preciso "sentir" ou "intuir" como a pessoa receberá a leitura das cartas, pois as pessoas são diferentes em sua essência, uns são mais fortes, podendo suportar melhor e outros são mais sensíveis e frágeis.
Nesta estória o Rei não estava emocionalmente preparado para avaliar as leituras.
Portanto, a verdade deve sempre ser colocada. A forma como é revelada é que faz a diferença. Escolher com carinho e sabedoria as palavras para expô-la é uma arte.

Por outro lado, não existe verdade absoluta. A vida é uma grande ilusão. De ilusão em desilusão vamos fazendo de nossa existência um grande acontecimento.
Existem, ainda, verdades desnecessárias cuja revelação nada acrescentaria.
Garimpar sempre o ponto de luz que existe no quarto escuro é a chave da questão... Pontuo esse fato todos os dias.

"A Esperança é uma dimensão da alma, a âncora da fé em algum ponto do Universo além de nossos horizontes, que transcende e realiza". (Infelizmente desconheço o autor).