sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Velhice Existe ?

Belo texto. Vale a reflexao para aqueles que estao se sentido velhos. A velhice esta em nossas atitudes e nao na nossa idade ...



"Alguns de nós envelhecemos, de facto, porque não amadurecemos.

Envelhecemos quando nos fechamos às novas ideias e nos tornamos radicais.
Envelhecemos quando o novo nos assusta.
Envelhecemos também quando pensamos demasiado em nós próprios e nos esquecemos dos outros.
Envelhecemos se paramos de lutar.

Todos estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o Tempo.

A vida só pode ser compreendida olhando para trás. Mas só pode mesmo ser vivida olhando para a frente.

Na juventude aprendemos; com a idade compreendemos…

Os homens são como os vinhos: a idade estraga os maus, mas melhora os bons.

Envelhecer não é preocupante: ser olhado como velho é que o é.

Envelhecer é mesmo uma Graça de Deus!

Nos olhos do jovem arde a chama, nos do velho brilha a luz.

Sendo assim, não existe idade, somos nós que a criamos. Se não acreditares na idade, não envelhecerás até ao dia da tua morte.

Pessoalmente, eu não tenho idade: tenho vida!

Não deixes que a tristeza do passado e o medo do futuro te estraguem a alegria do presente.

A vida não é curta; as pessoas é que ficam mortas tempo demais…

Faz da passagem do tempo uma conquista e não uma perda".

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Providencia Divina

Uma bencao de Deus mais do que especial. Providencia divina de boas-vindas num momento tao importante de retorno a cidade. Amem.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Janela de Oportunidade - Capítulo II




Texto by Dudu Guedes

10 de outubro. Acordei cedo, e como de costume, olhei para o céu. Hábito que comecei na infância de contemplar as nuvens e hoje apenas justifico como uma forte conexão com a natureza ou quem sabe, o divino.

Tem uma frase do Leonardo Da Vinci que diz: “aquele que um dia tiver a experiência de voar, andará para sempre com os olhos voltados para o céu”. Não lembro o texto exato, mas é mais ou menos assim. Poesia verdadeira vinda de um cara que pode-se dizer que de fato sabe o que está falando ... Pode soar estranho e conversa de maluco, mas os pássaros também são assim. Ao primeiro raio do dia, misturam-se no seu ambiente. Felizmente, ainda não nasceu penas nos nossos braços e pernas. Pelo menos, não se tem registro em nenhum dos voadores mais próximos.

O céu do domingo estava mais azul do que no sábado. Pelo telefone, um amigo e piloto confirmou. “Pode vir, parece que é o dia”. Cristo. Esse era o código que usamos num dos vôos mais especiais que se pode fazer no Rio de Janeiro. Especial e raro. Ir voando de São Conrado até o Cristo Redentor, sem motor, aproveitando as correntes de vento em cerca de 9 Km e contemplando a beleza da lagoa, rocinha, jardim botânico, vista chinesa ... Realmente não tem preço.

Como num jogo de adivinhação, o destino final não é garantido, e temos que buscar térmicas pelo caminho, que são oportunidades invisíveis e funcionam como os combustíveis que nos transportam até a altura das nuvens. A visão dos deuses com um combustível natural. Uma condição rara que acontece cerca de 4 a 5 vezes ao ano, na combinação de saída de frente fria e entrada de vento sul. Neste domingo, o vento não era sul, mas sudoeste, o que tornava mais fácil a ida até o Cristo, mas mais difícil o retorno para São Conrado. Talvez tivesse que usar o pouso alternativo do Jóquei Club, pensei.

Só fui realmente sair de casa por volta das 10 horas. Estava sem carro, e na expectativa e ansiedade daquela condição, preferi pegar um taxi. No trajeto até São Conrado percebi que já haviam 2 parapentes sobrevoando a estátua. O piloto e amigo Cleyton também me esperava na praia. O dia começava a sombrear e a janela de vôo para o Cristo estava ficando menor. Explicando: quanto maior a incidência de sol, maiores as chances de térmicas e, consequentemente, da sustentação necessária para ir voando até a estátua. Como parapente não tem motor, a razão de planeio é fundamental para um vôo mais longo.

Nesses dias de Cristo, confesso que perco um pouco a razão (ou talvez bastante para aqueles que já estiveram do meu lado). Existe uma explicação, mas não uma justificativa. A explicação é que se trata de uma janela de oportunidade. Para navegar numa condição tão rara, temos que aproveitar todos os elementos e variáveis do dia ao nosso favor. É como receber um presente divino, mas que só pode ser aberto naquela manhã. Muito parecido com os surfistas que buscam na tempestade a perfeição das ondas gigantes. Eu precisava “surfar” aquele dia, pensei.

Cheguei na praia já com a ansiedade alta. O dia sombreava mais e cada minuto era precioso para eu ganhar aquele presente. Sem me dar conta, adrenalina já bombava meu sangue. Não pelo medo daquele vôo, mas talvez pelo medo daquele não-vôo. Os anjos pareciam sussurrar me convidando a contemplar aquele dia. Apressado, subi junto com o amigo Cleyton que compreendeu meu momento, com a paciência de um monge. Obrigado por tudo, Big Fly.

Equipei apressado e decolei meio sem jeito. Decolagem ruim, fruto da traição da minha mente. O pensamento já estava no Cristo, mas tive a consciência da necessidade de dominar a mente. Era preciso respirar e controlar a ansiedade.

Rapidamente fiquei mais alto que a rampa e tirei para o Crockaine, morro em frente a Rocinha. Junto com outras 2 asas, dividimos a mesma térmica e ficamos altos já com vista da estátua a frente. As nuvens bloqueavam o sol, e as asas pareceram desistir da missão. Janela de oportunidade, pensei. Tinha conseguido a altura necessária e não pretendia desperdiçar aquele momento. Só dependia de mim e normalmente a natureza é mais previsível do que os seres humanos. Lá estava eu voando por cima da Rocinha, rumo a estátua tão esperada. Afundei muito depois da Vista Chinesa e cheguei a pensar em desistir e pousar no Jóquei. Já próximo ao Sumaré, encontrei algumas boas térmicas. Como numa mágica passagem divina, fui ficando mais alto.

Decidi voar mais perto do Cristo e aos poucos a Estátua chegou do meu lado. Durante alguns minutos parecia que aquele voador inusitado passou a ser a atenção daqueles visitantes que estavam nos pés do Cristo. Pouco importava. O que importava é que lá estava ele, majestoso na minha frente. Faziam 4 anos que não voava até o Cristo, e fazer aquele vôo no momento de meu retorno a cidade, era como receber umas boas-vindas mais do que especiais. Providência divina, pensei. E chorei sem que ninguém pudesse notar. Um choro curto, mas intenso, vivo, mistura de alegria e desabafo. Era bom me sentir novamente vivo. Por inteiro.

Era hora de voltar. O caminho de retorno era mais complicado no sudoeste. O vento-contra parecia aumentar e minha velocidade não passava de 15 Km/h. Estava afundando muito e não achei razoável insistir. Decidi pousar no jóquei. Já tinha cumprido minha missão de visitar novamente a estátua. Sobrevoei a lagoa imaginando um pouso no Heliporto. Mas achei que não seria legal enfrentar a turbulência de um possível helicóptero.

Voltei a mirar o jóquei quando alguns pássaros em círculo pareciam um convite para me juntar a eles. Enroscamos juntos na mesma térmica. Fiquei muito alto. Estava na altura do morro Dois Irmãos em cima do Jóquei e decidir pousar em Ipanema. Mas o vento estava muito turbulento ali. As águas da lagoa espelhavam um ar turbulento e algumas nuvens carregadas vindas da zona norte pareciam avançar rapidamente. Voar no vento sudoeste sempre exige atenção e cuidados redobrados. O risco de uma chuva faz o vento acelerar subitamente. Achei mais prudente pousar com segurança no jóquei. Pousei do lado da piscina do clube que freqüentava na infância. Boas recordações. Conversa com alguns curiosos, enquanto dobrava o equipamento. Prosa boa, descompromissada.

Que Deus possa proporcionar mais presentes como este, que eu tenha sempre a sensibilidade de uma criança para enxergar estas oportunidades e que eu tenha sempre a coragem necessária para abri-los. Obrigado !

Janela de Oportunidade - Capítulo I





Texto by Dudu Guedes

Dias 9 e 10 de outubro de 2010. Este final de semana vai entrar para a história, ao menos na minha memória. Emoções tão intensas vividas em tão curto espaço de tempo. Na quinta, a previsão já indicava condições raras no Rio de Janeiro, e por isso mesmo, tão especiais.

O sábado amanheceu com sol e vento sudoeste soprando forte, conforme anunciava a previsão da véspera. Eram apenas 8 horas da manhã e a combinação de vento constante, sol e mar grande era um convite aos velejadores de plantão. Em pouco tempo, o céu do Leblon e Ipanema já estaria colorido com pipas de várias cores e tamanhos, pensei.

Mesmo sem café da manhã (um péssimo hábito, eu sei) corri até a praia para aproveitar aquela condição rara. A adrenalina subia sem eu me dar conta na expectativa de um velejo até às Cagarras. Pra quem não sabe, Cagarras é o nome de uma ilha que pode ser vista de Ipanema, Leblon ou São Conrado e fica a cerca de 4 Km na praia. Parece perto para quem vê de longe, mas na verdade não é bem assim. A ilha recebe este nome em função de sua cor cinza com manchas brancas, arte natural esculpida pelas fezes dos muitos albatrozes artistas que voam na ilha.
A ansiedade era tão grande que um amigo teve de intervir na hora de parar o carro. Calma, Dudu. Verdade. Acalmar a mente, respirar e controlar a ansiedade eram mesmo fundamentais. Obrigado, Hugão.

Pouco minutos foram suficientes para preparar o kite. E mais alguns minutos para eu me misturar àquele novo ambiente. Mar grande. Primeiro era preciso vencer as ondas que quebravam com força no Leblon. O velejo não foi fácil, vento sudoeste tem sempre muitas rajadas e exige maior força na perna para manter a direção da prancha. No meio do mar, a ondulação grande parecia formar grandes quebra-molas. Mas a ilha estava bem a frente, também parecia se aproximar cada vez mais. Do outro lado, o Leblon ia ficando mais distante. Estava sozinho e não seria uma boa idéia um imprevisto por ali. Era bom não cair, pensei.

Mantive a calma, concentração no objetivo final e em pouco tempo, a ilha dava suas boas vindas. Imponente, bela e magnífica exibia sua grandeza no meio do mar. Alguns poucos bordos por ali foram suficientes para receber sua benção e decidir voltar. Mais uns 20 minutos de velejo até chegar na praia. Sai e agradeci em uma oração silenciosa.

Aos poucos o vento diminuía e nuvens carregadas chegavam até a praia. A chuva parecia abraçar o dia. Avistamos um amigo com o kite caído no meio das ondas. Era o único ainda dentro d´água e não parecia ser sua escolha. O vento empurrava-o em direção ao arpoador. Fui na direção dele na tentativa de ajudar, mas o vento corria mais forte do que eu ... Nessas horas, o problema é a linha embolar na perna ou no pescoço. Finalmente cheguei até ele. Saimos do posto 11 e fomos parar quase no posto 9 ... Mas ele estava bem. Usou seus conhecimentos do surf para sair do mar com segurança. Tudo certo.

Mais um dia abençoado na abençoada cidade maravilhosa. Não é à toa que recebe este apelido ... Obrigado Deus !

sábado, 9 de outubro de 2010

Novo Movimento


Simples e de graça. Vamos praticar !

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sonhar, Decidir, Aprender, Agir

Sábias palavras de um homem que fez história e dedicou uma vida a fazer a humanidade sonhar ...

"Assim, depois de muito esperar, um dia como qualquer outro decidi triunfar.
Decidi não ficar à espera das oportunidades e fui procurá-las.
Decidi ver cada problema como a oportunidade de encontrar uma solução.
Decidi ver cada deserto como a oportunidade de encontrar um oásis.
Decidi ver cada noite como um mistério a resolver.
Decidi ver cada dia como a oportunidade de ser Feliz.

Naquele dia descobri que o meu único rival eram apenas as minhas debilidades e que estas são a única e melhor forma de me superar.
Naquele dia deixei de ter medo de perder e comecei a ter medo de não ganhar.
Descobri que não era o melhor e que talvez nunca o tenha sido.
Deixou de me importar quem ganhara ou quem perdera.

Agora simplesmente me importa ser melhor que ontem.
Aprendi que o difícil não é chegar ao topo, mas sim nunca deixar de subir.
Aprendi que o maior sucesso que posso alcançar é o ter direito de chamar a alguém de "amigo".

Descobri que o Amor é mais do que uma simples paixão.
O Amor é uma filosofia de vida (que nos PERMITE VER a ESSÊNCIA, para além das aparências).
Naquele dia deixei de ser o reflexo dos meus poucos sucessos alcançados e comecei a ser a minha própria Luz do meu presente.
Aprendi de que nada serve ser Luz se não for para iluminar também o caminho da Humanidade.

Naquele dia decidi mudar tanta coisa.
Aprendi que os sonhos são apenas para transformar em realidade e desde esse dia que não durmo para descansar. Agora apenas durmo para sonhar."

By Walt Disney

Um Diálogo Inusitado

"Um dia o amor perguntou para a saudade:
Por que teimas em entrar nos corações das pessoas?

E com um suspiro melancólico a saudade respondeu:
Chego nos corações onde tu deixaste de habitar, e quando entro neles encontro tudo desarrumado, sem vida, sem perspectiva de um futuro feliz. E então, começo a arrumar tudo no seu devido lugar. E quando tudo está arrumadinho tu voltas com o teu ar brejeiro e tomas conta novamente do lugar.

Então, o amor sorrindo, respondeu: Faço parte da vida das pessoas.
Trago alegria, felicidade e a esperança que todos necessitam para viver.
E só saio dos corações das pessoas que não confiam em mim ..."

Sabedoria em Viver


Compartilhando lindas palavras ... Um abencoado sorriso no coracao !

"Amo pessoas que acordam no meio da noite, só para escutar o barulhinho da chuva no telhado… Elas sabem ouvir o canto de Deus…

Amo pessoas que fazem do presenteum caminho para o futuro, com algumas trilhas secundárias e até alguns atalhos… Elas entendem de liberdade …

Amo pessoas que escrevem sua história sem ignorar os borrões, fazendo deles uma lição de vida… Elas jamais serão esquecidas.

Amo pessoas a quem posso chamar de amigos, que vêem mais qualidades que defeitos em mim… Elas enfeitam dia a dia o caminho que trilho…

Amo pessoas que sabem conviver, tolerando o que for intolerável, encontrando uma justificativa para resgatar a harmonia… Elas entendem de perdão…

Amo pessoas de todas as idades, essas que não sabem a idade que tem velhos, adolescentes, crianças… Elas sabem se encaixar no tempo…

Amo pessoas que quando perdem a fé, engravidam o coração e conseguem parir um novo, para ensinar e aprender… Elas sabem que não se perde para si mesmo…

Amo pessoas que cantam no chuveiro, que olham o espelho e se acham linda se sorriem para o espelho refletir seu sorriso… Elas com certeza receberão sorrisos, sem espelho…

Amo pessoas que valorizam riquezas só do espírito e ignoram a miséria das almas… Elas entendem que pobre é aquele que só possui bens materiais.

Amo pessoas que cuidam da natureza, que espalham sementes, plantam árvores e florescem o mundo… Elas colherão frutos doces, independente das estações.

Amo pessoas de mãos generosas no doar, no afeto e no oferecer… Elas entendem que o presente fica em parte com quem recebe …fica mais com quem doa …

Amo pessoas que não tem medo de se arriscar, de mudanças…de finais… nem recomeço. Elas jamais dirão: Como seria, se eu tivesse tido coragem…

Amo pessoas que ficam olhando o horizonte de bobeira, que deitam na grama para olhar nuvens passar ou contar estrelas … Elas conhecem e muito, de paz…

Amo pessoas que misturam pais, filhos, netos, primos, tios, avós, que brigam, se desculpam e que não se separam… Elas sabem a importância da família…

Amo pessoas que escutam passarinho quando canta que olham o sol quando levanta e que brincam de faz de conta com criança… Elas sabem que ser feliz é simples…

Amo pessoas que iluminam o olhar diante da pessoa amada, que beijam na boca e não estão nem ai para a platéia, para julgamentos, ou ridículo… Elas amam amar o amor…

Amo pessoas que não sabem odiar, que falam com anjos em qualquer lugar, sabem que eles ouvem, tanto que me pediram para escrever… Que os anjos também as amam ! "

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Naquela Estacao

Linda letra ...

"Você entrou no trem
E eu na estação
Vendo um céu fugir
Também não dava mais para tentar
Lhe convencer a não partir

E agora tudo bem
Você partiu
Para ver outras paisagens
E o meu coração embora
Finja fazer mil viagens
Fica batendo parado naquela estação"

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Presentes Guardados


Texto by Dudu Guedes

Um dia, um certo viajante resolveu guardar os seus supostos pertences. Sem saber que nada realmente lhe pertencia, guardou sapatos, guardou camisas, bermudas, revistas, livros, CDs. Guardou pratos, talheres, xicaras e uma colecao de carrinhos velhas. No banheiro, guardou remedios, escovas, sabao. Uma lista infindavel de coisas que parecia nao terminar. Pensou em doar algumas coisas, mas tambem imaginou que pudesse precisar delas em algum dia. Melhor guardar. Papel velho, papel novo, caixas de sorvete para amontoar outras quinquilharias, caixas de sapato para guardar outras caixas, sacos velhos da Mr.Cats que pareciam mais pano de chao e mais caixas de papelao que nao sabia ao certo pra que ... Passou para a sala e guardou quadros, fotos e mais livros. E por fim, guardou seu amor. Trancou o armario e saiu de casa.

Precisava deixar pra tras suas coisas. O jovem e velho andarilho andou, andou e andou. Parecia mais leve e assim andava depressa. Caminhava rapido sem saber ao certo pra onde nem pra que. Sem destino, sem companhia. Apenas o sabor dos ventos o acompanhava. Sol e chuva, chuva e sol. Andava, andava depressa. Passos rapidos, firmes, mas quase sempre sem rumo. Suas pernas o guiavam para algum lugar.

Andou ate onde nao pudesse mais andar. Sentou-se na escada e parou. Ja tinham se passado 65 anos e decidiu voltar. Andou mais rapido que pudesse. Voltar era necessario, mas naquele instante, nao adiantava correr. Suas pernas nao mais lhe obedeciam e tropecava entre os proprios tropecos. Sem pedir ajuda, lhe ajudaram a se levantar. Tinha a mente de um adolescente, mas o corpo de um velho moribundo. Os ossos pareciam nao caber no proprio corpo. O corpo movia-se devagar, mas a mente movia-se depressa. Assincronia perfeita do caos.

Desta vez, nao andava depressa, nao porque nao gostaria, mas simplesmente porque nao conseguia ... Mas sabia muito bem aonde queria chegar. Ironia da vida. Enquanto corria nao tinha um destino, mas agora conhecia o seu rumo final. Porem, suas pernas fraquejavam ... Seu corpo nao lhe obedecia. Os movimentos eram lentos, pareciam querer frea-lo. Deu 3 passos e caiu. No comeco, sentiu frio, fome e depois calor. Sua vista nao parecia enxergar a realidade, ou a realidade que nao enxergava sua vista. Nao sabia. Mas estava paralisado. Chorou sem conseguir chorar.

Tentou se levantar, mas nao sabia. Tentou gritar e nao conseguia. Tentou dormir, mas nao podia. Estava inerte a situacao em que ele proprio criara. Talvez tenha chegado ao seu destino final, pensou. Esqueceu seu nome, seu endereco. Deixou que o tempo se encarregasse de tira-lo dai. Apenas respirou ou pensou respirar. O mundo nao mais lhe enxergava. Adormeceu num sono profundo. Sem saber nem onde, nem como, caminhou por entre as nuvens. Foi quando sentiu uma mao lhe tocar o ombro. E meio que sem reconhecer o rosto, lhe disse "filho". E lhe abracou. Sem saber direito o que se passava, perguntou pelas suas coisas, pela sua casa. E o velho sabio lhe disse: aqui esta tudo o que precisa e lhe entregou uma chave. No mesmo instante avistou o seu armario e correu para abri-lo. Um armario velho, com porta emperrada, teve dificuldade para abrir. Nao tinha mais livros, nem CDs. Nao tinha camisas ou bermudas. Nao tinha nada, apenas o po. Procurou, procurou e parecia querer encontrar mais alguma coisa. Mas nem seu amor achou. Apenas alguma paginas velhas, mas o tempo se encarregou de apagar o que tivesse escrito ali.

Chorou e desta vez as lagrimas pareceram extravasar um choro ha muito contido. Parecia uma crianca no colo do pai. Perdeu a fe, perdeu o chao. Perdeu o que nao tinha, mas que acreditava lhe pertencer. E de longe, viu um sorriso. Um rosto com rugas que nao escondia a idade. Uma senhora que parecia lhe sorrir. Sorriu mais e mais e aos poucos lhe parecia mais familiar. Correu e lhe abracou. Era seu amor. Envelhecido com o tempo, mas que ainda lhe sorria. O amor verdadeiro percorre montanhas. Resiste ao fogo, ao tempo e a varias vidas. Mas nao pode ser guardado ou trancado no armario. Levamos dentro de nos mesmo sem saber. Essa eh a historia de um homem que nunca deixou de amar, mesmo longe de seu amor. O amar existe sem que haja o amor, mas o amor so existe quando ha o amar.

"A Preocupação olha em volta, a Tristeza olha para trás, a Fé olha para cima"

domingo, 3 de outubro de 2010

Utilidade Pública: Votos Nulos e Brancos


Em tempo, vale uma breve explicação sobre votos brancos e nulos.

Para anular o voto, o eleitor tem de digitar um número inválido e, depois que a máquina informar "Número incorreto, corrija seu voto", ele deve confirmar o número incorreto, isto é, o voto nulo.

Era bem mais fácil tornar o voto nulo nos tempos em que se usavam cédulas. Bastava escrever uns palavrões, xingar a genitora de um ou de todos os candidatos, mandar os candidatos para um lugar impróprio ou próprio para todos eles e pronto: o voto era decretado nulo pelo juiz eleitoral.

A coisa ficou mais complicada com a chegada das urnas eletrônicas. Falta ao teclado delas, por exemplo, a opção "Vá à merda" como sugeriu o Millôr Fernandes. Esse é um dos males da tecnologia, a possibilidade de manipulação daqueles que escrevem o escopo técnico da solução.

Segundo o código eleitoral:

"Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do País nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais, ou do Município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações, e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias”).

Os votos em branco, de forma diversa, não anulam o pleito, pois não são considerados como nulos para efeito do art. 224 do Código Eleitoral (Acórdão nº 7.543, de 03/05/1983)"

Página do TRE de SP:

"Os votos brancos e nulos são subtraídos de todos os cálculos para a totalização dos resultados. Desde a Lei 9.504/97, que vigorou a partir das eleições de 1998, que o voto branco não é considerado para o cálculo do quociente eleitoral.

A única diferença entre os votos brancos e nulos é que, segundo a legislação se houver mais de 50% de votos nulos a eleição será anulada".

O que se depreende dessa explicação meio torta é que se houver mais da metade de votos nulos haverá novas eleições. Também é o que diz a mensagem e isso não é verdade, pois ela mistura dois conceitos diferentes: VOTO NULO e NULIDADE DA VOTAÇÃO.

O voto nulo é decisão pessoal do eleitor. A nulidade da votação é decisão do juízo eleitoral.

Veja agora o que diz a LEI Nº 9.504 de 30 de setembro de 1997:

...

Art. 2º Será considerado eleito o candidato a Presidente ou a Governador que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.

§ 1º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição no último domingo de outubro, concorrendo os dois candidatos mais votados, e considerando-se eleito o que obtiver a maioria dos votos válidos.

§ 2º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.

§ 3º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer em segundo lugar mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
...

Art. 3º Será considerado eleito Prefeito o candidato que obtiver a maioria dos votos, não computados os em branco e os nulos.
...

§ 2º Nos Municípios com mais de duzentos mil eleitores, aplicar-se-ão as regras estabelecidas nos §§ 1º a 3º do artigo anterior.

RESUMINDO: mais uma vez a máquina pública parece operar a seu favor.

sábado, 2 de outubro de 2010

Reprodução de Comportamento


By Dudu Guedes

Alguns comportamentos são reproduzidos e contaminam positiva ou negativamente o ambiente a sua volta. É a força do coletivo atuante no individual. Quem nunca vivenciou a bela sinfonia de um bocejo grupal ? Mesmo os que estão com o sono em dia não conseguem resistir ... Outro dia pude perceber a força das palmas atuante em um grupo. Não recordo claramente o motivo, mas um homem a frente puxava as palmas com a perfeição de um maestro.

Assim também acontece com sorrisos e lágrimas. Como um rebanho ordenhado, em geral somos seres coletivos. Na natureza, outros animais tambem reproduzem o comportamento. Como cachorros latindo ou brigando. Como dizia o livro: todos somos iguais, mas uns são mais iguais do que outros. Pensando nisso, percebo a força que temos com nossas ações. A força de um obrigado ou por favor pode sim transformar uma escola, uma família e por que não o mundo. O poeta das ruas há muito já assinava gentileza gera gentileza. A sabedoria e simplicidade do artista pintada nas ruas do Rio de Janeiro. Um sorriso contagiante a cada um de vcs e uma grande gargalhada no coração. O amor tambem eh contagioso.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Flores de Plástico Não Morrem Jamais


By Dudu Guedes

Dia 1 de outubro de 2010. No restaurante, uma mesa de amigos parece nao conversar. Inquietos, alimentam o tamagoshi portatil que se tornou simbolo de status e falso poder. Falso poder. Certa vez um amigo me disse sabiamente: eu quero usar a tecnologia e não quero que ela me use.

Vivemos novos tempos onde a pressa parece ser o simbolo da competencia. Pessoas ocupadas parecem produzir, mas muitas vezes esta ocupação serve como a camuflagem perfeita das emoções. Fantasia do camaleão moderno. No ocidente, o importante eh a razao controlar a emocao. Assim fomos programados. Pesquisas indicam que realizamos mais de 48 horas de atividades em um único dia. Tudo devido a tal da simultaneidade de tarefas. O nome eh bonito e parece ser coisa de gente sabia. Tolice. Devemos aproveitar um almoco para trocar. Interagir e resgatar a essencia dos relacionamentos. Olho no olho. Falar mais com o coracao e menos com o teclado. Ironia escrever este texto no computador, mas confesso que já me vi vitima do facebook.

Imagino que no futuro teremos grupos de auto-ajuda dedicados a curar os vicios dos fazendeiros virtuais. Imagine so, criar galinha no computador e acordar as 5 da manha para alimenta-las sob a falsa ideia de que elas morreriam ... O que nao existe nao pode morrer. Parafraseando a geniosa frase de uma poeta: "pare o mundo que eu quero descer".

Parei para pensar sobre o mundo virtual que parece hipnotizar a humanidade. Certa vez eu reguei um bonsai durante 6 meses, e so depois descobri que eram flores de plasticos. Cheguei a coloca-lo no sol, mas felizmente nao tentei poda-lo. A descoberta gerou uma certa decepcao. Talvez nao pela descoberta em si, mas pela frustacao de saber que o esforco tinha sido em vao. Nunca fui bom com bonsais e dessa vez nao foi diferente. Parenteses: comprei numa seção de plantas vivas do supermercado.

Talvez esta seja a essência do comportamento atual. As pessoas se falam pelo facebook, parecem grandes amigas, muitas exclamações e gargalhadas reproduzidas por uma sequencia de K intermináveis. Pareceria perfeito, se estas mesmas pessoas ao menos se cumprimentassem nos corredores. A ferramenta que deveria aproximar acabou distanciando. Parece um grande parodoxo da nossa sociedade. O avanço das comunicações deveria unir os continentes, mas não afastar as relações humanas tão próximas.

Vejo no trabalho pessoas que usam o MSN ou Google Talk e ficam a alguns metros de distância no mesmo andar. Claro, não sou daqueles que critica a tecnologia. Mas penso que estamos fazendo um péssimo uso dela. Se a moda das fazendinhas pega, amplie o conceito para "por do sol virtual". Imagine. Deveríamos fazer 1 dia semanal sem o Facebook. Uma campanha similar ao cinto de segurança dos carros, de interesse nacional. Se alguem utilizasse o FB na sexta-feira, teria que pagar uma multa. 1 dia sem carne, 1 dia sem cigarro, 1 dia sem Facebook. No inicio seria dificil, mas certamente salvaríamos muitos casamentos, crises familiares de pais com filhos ou irmãos com irmãs ...

Há dois anos atrás, um site batizado de "second life" prometia ser ícone de sucesso. Dizem que em alguns países, ele ainda tem força. Trata-se de um ambiente virtual, onde vc escolhe quem e como quer ser. Altura, casa, onde quer morar e por ai vai. Sera que estamos compensando as frustacoes do mundo real ? As flores de plastico estao se reproduzindo pelos jardins da cidade. Rapidamente e sem nos darmos conta ... Ja dizia o poeta, flores de plasticos nao morrem jamais. Mas tambem não frutificam ...
Que seja possivel a transformacao do bem. Que o mundo mude. Que eu me acalme. Amém.