segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Janela de Oportunidade - Capítulo I





Texto by Dudu Guedes

Dias 9 e 10 de outubro de 2010. Este final de semana vai entrar para a história, ao menos na minha memória. Emoções tão intensas vividas em tão curto espaço de tempo. Na quinta, a previsão já indicava condições raras no Rio de Janeiro, e por isso mesmo, tão especiais.

O sábado amanheceu com sol e vento sudoeste soprando forte, conforme anunciava a previsão da véspera. Eram apenas 8 horas da manhã e a combinação de vento constante, sol e mar grande era um convite aos velejadores de plantão. Em pouco tempo, o céu do Leblon e Ipanema já estaria colorido com pipas de várias cores e tamanhos, pensei.

Mesmo sem café da manhã (um péssimo hábito, eu sei) corri até a praia para aproveitar aquela condição rara. A adrenalina subia sem eu me dar conta na expectativa de um velejo até às Cagarras. Pra quem não sabe, Cagarras é o nome de uma ilha que pode ser vista de Ipanema, Leblon ou São Conrado e fica a cerca de 4 Km na praia. Parece perto para quem vê de longe, mas na verdade não é bem assim. A ilha recebe este nome em função de sua cor cinza com manchas brancas, arte natural esculpida pelas fezes dos muitos albatrozes artistas que voam na ilha.
A ansiedade era tão grande que um amigo teve de intervir na hora de parar o carro. Calma, Dudu. Verdade. Acalmar a mente, respirar e controlar a ansiedade eram mesmo fundamentais. Obrigado, Hugão.

Pouco minutos foram suficientes para preparar o kite. E mais alguns minutos para eu me misturar àquele novo ambiente. Mar grande. Primeiro era preciso vencer as ondas que quebravam com força no Leblon. O velejo não foi fácil, vento sudoeste tem sempre muitas rajadas e exige maior força na perna para manter a direção da prancha. No meio do mar, a ondulação grande parecia formar grandes quebra-molas. Mas a ilha estava bem a frente, também parecia se aproximar cada vez mais. Do outro lado, o Leblon ia ficando mais distante. Estava sozinho e não seria uma boa idéia um imprevisto por ali. Era bom não cair, pensei.

Mantive a calma, concentração no objetivo final e em pouco tempo, a ilha dava suas boas vindas. Imponente, bela e magnífica exibia sua grandeza no meio do mar. Alguns poucos bordos por ali foram suficientes para receber sua benção e decidir voltar. Mais uns 20 minutos de velejo até chegar na praia. Sai e agradeci em uma oração silenciosa.

Aos poucos o vento diminuía e nuvens carregadas chegavam até a praia. A chuva parecia abraçar o dia. Avistamos um amigo com o kite caído no meio das ondas. Era o único ainda dentro d´água e não parecia ser sua escolha. O vento empurrava-o em direção ao arpoador. Fui na direção dele na tentativa de ajudar, mas o vento corria mais forte do que eu ... Nessas horas, o problema é a linha embolar na perna ou no pescoço. Finalmente cheguei até ele. Saimos do posto 11 e fomos parar quase no posto 9 ... Mas ele estava bem. Usou seus conhecimentos do surf para sair do mar com segurança. Tudo certo.

Mais um dia abençoado na abençoada cidade maravilhosa. Não é à toa que recebe este apelido ... Obrigado Deus !

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