quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O homem que sabia demais



Ja foi tema de filme e tambem enredo de musica. O homem que sabia demais na verdade nao era um homem, mas era tambem mulher, menino ou menina. Nao era um so, mas era plural. Uma comunidade, populacao ou talvez uma nacao inteira. Temos muitos homens que sabiam demais, mas que na verdade nao sabem de nada.

Cruel a realidade daqueles que julgam os fatos como uma verdade inquestionavel e absoluta. Nao existe. Nem nas novelas ou filmes. Tudo eh relativo. Ate um carro em movimento pode estar parado, segundo as leis da fisica. Depende dos olhos do observador. E acrescentando: depende principalmente da sensibilidade de quem olha.

Eh preciso relativizarmos os fatos. Na pousada, ja de noite, me dirijo ate o recepcionista e lhe peco ajuda para conseguir um taxi no dia seguinte. Que horas eh seu voo ? ele pergunta. As 15h, respondo. Ele continua em seu estado de quase meditacao e me diz: nao ve que estou ocupado ? Amanha vemos isso, ele finaliza. Saio um pouco perplexo, quase sem acreditar no dialogo.

Minha rasa consciencia ocidental nao percebeu a grandeza daquele instante. Achamos que nao fazer nada eh desperdicio de tempo. Mas nao fazer nada exige sim disciplina e concentracao. E deveriamos todos cultivar esta pratica. Esvaziar as mentes para o aqui e agora. Certamente, este homem estava mais conectado ao universo do que eu, pensei. Nao ha nada demais com planejamento, mas por que antecipar um problema futuro ? Poucos percebem a forca e duracao de um instante. 1 segundo pode durar 1 hora. Depende.

Assim como o mundo esta cheio de "homens que sabem demais", tambem existem inumeros mestres anonimos. Desses que passam quase despercebidos do nosso lado, numa padaria ou estacao de metro. Pessoas simples capazes de nos ensinar com um simples gesto, palavra ou sorriso.

Em balines, "terima kasih" significa obrigado. Talvez seja a palavra mais falada nas ruas. Indonesios nao economizam um "obrigado". Tem de sobra pelos restaurantes, aeroportos ou ruas. Terima kasih tem a mesma forca que a sua sonoridade. No aviao, a aeromoca com o rosto parcialmente coberto pelas tradicoes de sua cultura, uniu as maos em sinal de prece, olhou fundo e disse: terima kasih. Pude constatar e sentir a forca de uma palavra. Nao era um obrigado qualquer, desses que falamos pelos cantos quase como robos programados pelas regras da boa etiqueta e educacao ocidental. Na indonesia, obrigado eh coisa seria. Terima kasih soa como um mantra capaz de aproximar culturas diferentes e criar um vinculo quase emocional de um breve instante.

Palavras tem vida e podem ter a forca de uma musica. So depende se vem da boca ou do coracao. Terima Kasih. E de maos em prece.

Nenhum comentário:

Postar um comentário