sábado, 26 de maio de 2012

Colecionadores do Era uma Vez

Por Dudu Guedes.

Nao raro vivemos um grande ciclo como colecionadores do era uma vez. Algumas pessoas passam por uma vida inteira e nunca encerram suas figurinhas. Era uma vez aquele concurso, era uma vez a dieta, era uma vez a academia, era uma vez a viagem, era uma vez o show, era uma vez a entrevista, era uma vez o idioma, era uma vez o filme. Como se vivessemos no pais das maravilhas e a qualquer momento fossemos encontrar alice. Nao funciona assim.

Crescemos e muitas vezes ampliamos nosso hall do mundo do faz de conta. Fugimos das feridas mortais como um gato que se esconde da agua fria. Passamos a reunir mais pessoas em torno das nossas fraquezas emocionais. Era uma vez aquela conversa, era uma vez aquele beijo, era uma vez aquele cafe. Somos fortes na arte de reunir quinquilharias, mas fracos na dimensao do amor. Eh preciso erguer a cabeca e enfrentar. Sim, ter dor de barriga e insonia as vezes faz bem. Cura e cicatriza feridas que se perpetuam ao longo de geracoes e mais geracoes. As vezes precisamos desfazer os nos para podermos criar novos lacos. E as vezes, os mesmos lacos. O que falta? Nada, diria napoleao hill.

Nao tem hora certa para retirar o po da gaveta e desenferrujar o esqueleto. Se voce pensa que ira conseguir, ira conseguir. Simples assim. Como uma crianca livre que cultiva o olhar de aprendiz, livre das amarras mentais que um dia aprisionaram aquele menino. Chega de olhar pelo retrovisor. Um elefante nao sabe a forca que tem. Abra novamente a jaula e enfrente o leao. Ele so existe na sua rica imaginacao, terreno fertil do medo, mas tambem prospero do amor. Abra a janela e deixe o sol entrar.

Precisamos seguir. Como uma caravela que parece pequena diante da imensidao dos mares, mas precisara desbravar novas aguas para descobrir outros continentes. Sim, as vezes teremos pelo caminho tempestades desconhecidas e navios piratas. Muitos pensarao em voltar. Mas o caminho de volta eh ainda mais perigoso. Nao, se antes nos permitirmos evoluir. Na tempestade nao existem atalhos ou botoes de control+z. So existem 2 alternativas: seguir ou parar. Aparentemente, parar eh mais confortavel, pois depositamos no universo a responsabilidade pelo destino das nossas vidas. Mas o comando continua sendo exclusividade de cada marujo. Nao escolher ja eh tambem uma escolha. E ficar parado nao leva a lugar algum. Melhor se movimentar.

A caravela segue adiante e encontra ceu azul e novos viajantes pelo caminho. Golfinhos, albatroz e ate novos marinheiros. Mais a frente o capitao anuncia finalmente a chegada de terra firme. Momento de atracar, descansar e aproveitar. Alguns decidirao voltar e chegarao ainda mais fortes. Outros decidirao ficar. Nao importa. Colocaram os sonhos acima dos proprios medos. E eh neste momento que deixaram de ser colecionadores do faz de conta para virarem colecionadores de novas historias.

"Sonhos nao morrem, apenas adormecem na alma da gente" (Chico Xavier).

Um comentário:

  1. Lindo texto! Novamente... Traduz a essência do impacto de repensar a vida! :)

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