segunda-feira, 12 de outubro de 2015

A Poesia do Mundo de Sarah


"A onda se afogou, tio Dudu" me disse ela com a sinceridade de uma criança. Demorei a entender o sentido e quase corrigi a expressão. Foi por pouco. Ela notou meu silencio e continuou a explicar. Parecia perceber que não alcancei o significado de tamanha profundidade do seu pensamento: "é sim, a onda maior engoliu a menor e ela se afogou". 

Ela estava certa. Paramos na beira da praia contemplando o mar azulado que se juntava com o céu. Percebi minha arrogância de adulto. Ficamos mudos, com um silencio de cumplicidade que nos conectava. Tinha penetrado nas raízes mais profundas da sua alma e sem saber ela me levou junto na sua maquina do tempo.

Sorte a minha que fui abençoado para desfrutar daquele instante, observando a vida com mais poesia através da janela do coração de uma pequena e grandiosa criança. Sabedoria revelada na pureza do olhar infantil. Um presente que nem todos, ou nem sempre, conseguimos desembrulhar na correria do dia a dia. 

Só quando deixamos de lado as vestes de adulto, que a vida se torna mais leve e retiramos dos ombros o peso das obrigações e julgamentos do mundo. Raciocínio cartesiano é muito bom para passar no vestibular ou alçar uma promoção, mas ruim para viver a vida. Felizes aqueles que tem a mente livre como a de uma criança. "Fulano tem 50 anos e ainda não cresceu". Sorte dele contemplado na loteria da vida pra olhar o mundo com olhos de aprendiz.

Obrigado a pequena Sarah por colorir o meu dia e me fazer criança. Metralhadora de beijos ! T amo pra sempre minha pequena !

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