sábado, 18 de dezembro de 2010

Os Santos que Andam por Aí ...

By Dudu Guedes

Domingo passado, acordei com um telefonema. "Vamos pra Sampaio, Dudu, ontem estava clássico". Era o Leandro, amigo e piloto de vôo me convidando para voarmos numa rampa próxima a Niterói, mais especificamente de Saquarema. Sem titubear, me juntei a eles. Eu, leandro, Wena, Vini e Hadad. Fomos em um único carro e a prosa estava bastante divertida.

Passamos por política, wikileaks, guerra de tráfico e até vôo-livre em alguns momentos. Conversa séria, opiniões fortes, muitas vezes divergentes, mas respeitosas e leves. Até que começamos a falar de consciência e não-consciência. Uma frase do Vini me chamou a atenção: "tem muito santo por aí". Ele estava se referindo ao povo de rua que metaforicamente vivia com renúncia e mais sabedoria e felicidade do que muitos poderosos. Verdade.

E como existem poderosos, falsos poderosos. Aqueles que precisam de hierarquia para exercer poder, certamente não tem influência na própria casa. Autoridade é diferente de poder. Poder se impõe, mas autoridade se conquista. Por isso vemos tantos policiais, políticos, professores, juízes e outras tantas categorias como tanto poder, mas tão pouca autoridade. Pessoas que precisam de um título para se sentirem importantes. Um cartão de visitas que impressiona, mas um coração bem longe dos mais admiráveis.

Não gosto de fazer julgamento de valor, pois cada um sabe das suas escolhas. Mas sinceramente, nunca consegui entender babás de final de semana, que andam com as crianças ao lado dos próprios pais. Mais incompreensível ainda para meu raso pensamento são famílias que levam as babás nas viagens de férias. Tudo bem, nada contra uma lua de mel fora de época, mas então por que não deixaram os filhos com os avós ?

Mas vamos voltar aos "santos que andam por aí", como o próprio Vini mencionou. Andar pela rua e misturar-se de verdade com as pessoas é exercitar a democracia. É como compartilhar opiniões e vidas diferentes. Para mim, o povo de rua é como os olhos da própria cidade. Um registro vivo do que acontece por aí, quase que um big brother dos anônimos. Se fosse possível arquivar seus pensamentos, certamente muitos pagariam fortunas para queimar estes arquivos. Cenas de adultério, pais esbravejando com filhos, profissionais apressados. Mas também teríamos o registro de muita cena bonita, que o anonimato preservou ... Como diz a música: "um vendedor de flores, ensinar seus filhos a escolher seus amores". Salve a interpretação de Ana Carolina e Seu Jorge.

Triste é perceber como tantas pessoas ignoram a vida humana que existe ao seu lado, nas ruas, esquinas e sinais. Fecham o vidro do carro e mergulham no ar-condicionado do seu universo particular, egoísta, onde só existe espaço para preocupações pequenas e tão medíocres. Onde a medida de valor é o sucesso profissional e a conta no banco. Onde sobram polegadas na TV de plasma, mas faltam palmos e mais palmos de respeito, amor e cumplicidade.

Admiro as pessoas que enxergam a vida com simplicidade. Que precisam de tão pouco para viver, mas que vivem tanto com tão pouco. E como existem aqueles que vivem pouco com tanto ... Dizem que somos o resultado das nossas escolhas. Que em 2011 seja possível mudarmos. E seja possível fazer as escolhas merecedoras de um mundo melhor. Namastê.

2 comentários:

  1. Edú,
    Tem uma música do Frejat que fala assim:
    "Você não quer ver nada além do seu mundinho
    E eu prefiro escrever meu próprio caminho
    Você acha que ninguém sofre mais do que você
    Talvez porque não saiba ao certo o que é sofrer
    Você sonha ser princesa em castelos fabulosos
    Enquanto eu vago na cidade entre inocentes e criminosos".

    Essa é só uma estrofe de uma linda música.
    É bem isso. Sempre achamos que o nosso f
    sofrimento é pior do que o sofrimento do outro. Que o que temos é melhor (ou pior) do que do outro. Tudo isso porque vivemos no nosso mundinho e não viramos os olhos para os lado. Talvez, medo...!
    Cara, as mudanças só acontecem com o exemplo. Mesmo que demore, esta é a única forma de mostrar o que queremos.

    bjão e um 2011 de sucesso

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  2. Realmente Edu .... temos q parar pra pensar: O que realmente importa ?
    :o)
    bjs Carol

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