terça-feira, 28 de julho de 2009

Meu primeiro vôo ...

Quase 10 anos se passaram ... mas lembro como se fosse hoje. A boca seca, a perna bamba, o coração batendo forte e a voz serena do mestre Ruy, dizendo: "mentalidade de iniciante, dudu. Faz o que você sabe fazer". As birutas alinhadas de frente, o vento liso, constante, quase como um convite para me juntar a natureza e desfrutar daquele momento mágico. Mas mesmo assim a emoção parecia controlar a razão. A emoção do novo, da descoberta de fazer sozinho um primeiro vôo em São Conrado. "Mentalidade de iniciante, Dudu" eu pensava. A rampa lotada não ajuda a controlar o nervosismo. Respira, respira. Respira de novo, respiração diafragmática.




A condição estava mesmo perfeita, como diz o Ruy: "se eu tivesse que escolher um dia para voar com a minha avó, aquele seria o dia". Depois descobri que o jargão era mais popular do que eu pensava, rs. Ouvi um "vamos lá", quase que um mantra do sábio mestre que sabe a hora exata de libertar o seu discípulo. Chegou a hora. Segurei os tirantes, olhei novamente para as birutas alinhadas de forma tão perfeitas que pareciam abençoar este momento. O Ruy ajudou a puxar as seletes. Tecnicamente não era necessário, mas emocionalmente foi muito importante para transmitir a confiança que eu precisava naquele instante. O corpo foi ficando leve, o parapente que antes era uma resistência pra trás começava a chegar na cabeça. Novamente o Ruy gritou: "corre, levanta a mão ... e BOM VÔOO !!!"


" ... BOM VÔOO !!!" Isso mesmo ... estava voando ... e agora era comigo apenas. Eu, minha consciência, minhas sensações, um filme que passa na cabeça, mesmo sem perceber. A integração máxima com a natureza. Que sensação incrível, o corpo leve flutuando como uma pássaro que ganha asas. São Conrado que sempre foi pra mim um lugar de passagem, a ligação entre barra e zona sul, ganhava um novo significado, muito especial. O céu tão azul que parecia se juntar com o mar. Fui voando reto até a praia, quase sem fazer curva ... e aos poucos fui relaxando, relaxando. A adrenalina virando endorfina e aquela sensação de intenso prazer. Uma das melhores coisas pra se fazer de roupa. Palavras jamais serão suficientes para descrever a magia deste momento por completo. Obrigado Deus !


Obrigado mestre Ruy ! E a todos que participaram direta ou indiretamente deste momento: Popó, que naquela época apoiava o Ruy nas aulas e hoje se revela um grande e completo instrutor e piloto. Gabriel Klabin e seu fiel e bem humorado motorista, parceiros das aulas em que madrugávamos para ir até o Morrinho de Paciência treinar decolagem e pouso. Não existia nome mais apropriado para este morro: paciência. Acordávamos quase 06:00 e mais uns 40 minutos de carro até lá. Paciência como passaporte para um caminho de segurança, aprendizado e especialmente a alegria de descobrir uma nova paixão. Obrigado Deus !

2 comentários:

  1. Show Dudu!!!
    O primeiro voo nunca esquecemos.
    Ahhhhh muleeeeke!
    Peixe

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  2. Boa Big Fly! Vela branca, capacete branco, roupa branca, tudo branquinho simbolizando a paz de um primeiro voo que fica pra sempre na memória. Basta fecharmos os olhos e lembramos de cada segundo. Confesso que o meu primeiro vôo não foi um dos melhores devido a drena alta e estar muito concentrado, mas de certeza foi um dos melhores ... Obrigado por enquanto pelas instruções iniciais em SV, por me tranqüilizar nas minhas decolagens, pelas sábias palavras, inclusive fui descobrir agora que "mentalidade de iniciante" e "faz o que vc sabe fazer" é do Ruy rsrsrs, mas tá valendo. Gostaria de continuar contando com vc, pois no meu retorno preciso evoluir e começar a enroscar em algumas térmicas, e mais do que isso, voarmos juntos pelas rampas Brasil a fora ... Abção.

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