domingo, 17 de abril de 2011

O menino que por um dia guardou o sol



Texto e foto by Dudu Guedes

Na semana passada, estava nadando com um amigo no mar. Bem cedo, tinham apenas 2 surfistas na agua alem de nos. O sol nascia forte, alguns vira latas corriam na areia e gaivotas voavam baixinho compartilhando daquela manha especial.

Pensei por que era tao raro numa cidade litoranea as pessoas acordarem cedo e vivenciaram a energia de um novo nascer do dia. Temos muitos morcegos urbanos e poucos passarinhos. Os bares a noite estao cheios, mas a praia pela manha bem vazia. Nao eh uma critica, apenas uma observacao que me trouxe alguma reflexao.

Deveriamos incentivar mais a pratica de esportes, caminhadas, alongamento ao ar livre. Certamente o dia comecaria melhor e teriamos menos disputa de territorialismo no transito e mais adeptos da conduta "gentileza gera gentileza". O mundo gira em torno de padroes q nos mesmo criamos. As pessoas reclamam, mas poucos sao os que se propoem a romper desta realidade dura e cruel. Funcionamos como um gado bem orquestrado que anda em bando, sem questionar os passos e a direcao.

Promocoes em sites de compras coletivas prometem dias melhores atraves de descontos em restaurantes, spas e centros de entretenimento. Recorde de vendas. Pensei em guardar o sol por um momento. Colocar um veu e deixar o dia opaco. Como o efeito de um dia nublado por dias e dias. E depois criariamos uma promocao no peixeurbano vendendo um novo nascer do sol com 50 por cento de desconto no preco.

Venderiamos ingressos na praia que estaria bloqueada com um muro, uma cerca e uma bilheteria. As pessoas escolheriam o seu lugar aonde ficar. Os ingressos mais perto do mar seriam VIPs e custariam mais caros. Estes privilegiados teriam a oportunidade de molhar os pes na agua por alguns minutos.

Teriamos tambem os ingressos da plateia comum. Mais proximos ao asfalto, areia quente. Mais longe do mar. Cada canga teria uma numeracao. Mas neste espetaculo, o criterio que indicaria o lugar dos VIPs nao seria preco ou status. Nao adianta ser amigo do prefeito ou ter um alto cargo de direcao na empresa. O criterio para a escolha dos VIPs seria o seu saldo de vida. O quanto de energia boa cada um depositou no universo. Teriamos fila de espera.

O show de abertura seria o barulho de algumas gaivotas deslizando por cima do mar. Como no teatro, comecaria pontualmente as 5:30 da manha. Em 20 minutos o protagonista apareceria, imponente e muito aguardado. Chegaria devagar no inicio e depois apareceria rapida e fortemente.

Como um efeito de cenografia, a plateia se iluminaria pela luz do astro-rei. Salvas e mais salvas de palmas. Ate que um ou dois arriscariam levantar e aplaudir de pe. O efeito do individual sobre o coletivo se manisfetaria agora. Todos levantariam e aplaudiariam de pe. Os mais sensiveis libertariam as lagrimas adormecidas e os mais contidos solucariam em silencio.criancas e bebes de colo receberiam o prahna daquela manha abencoada.

Felizmente isto foi so uma reflexao louca de alguem que ama o dia e decidiu compartilhar um pensamento bastante diferente. Mas infelizmente o contexto eh bastante real. Que todos nos possamos viver as coisas simples da vida e desfrutar de um espetaculo que eh de graca, nunca saiu de cartaz mas atualmente esta com a plateia vazia. Amem.

2 comentários:

  1. Obrigada por ter compartilhado comigo esse lindo texto...

    beijos no coração

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  2. Dudu, você é um poeta e eu não sabia!

    Parabéns pela iluminação ao escrever este primoroso texto. Um abraço do amigo do ar.

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