quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Maquina do Tempo



Engana-se quem acha que elas nao existem ou sao apenas enredo de filme de ficcao. Posso dizer que eu encontrei minha maquina do tempo. E foi por acaso, sem procurar, esbarrei nela em Salvador.

Depois de 4 trocas de hotel em apenas dois dias, fui transferido para um outro na barra. Para quem conhece Salvador, sabera que o local eh bem popular, como se eu estivesse hospedado na lapa no rio de janeiro (eu acho). Sol barra era o nome do novo hotel (novo pra mim). Nao me soou estranho, mas confesso que parecia um nome bem comum.

No inicio, fiquei incomodado com os contra-tempos gerados pela agencia de turismo que cuida dos agendamentos da empresa. Foram alguns erros em serie que me fizeram quase uma peregrinacao de hotel para hotel.

Tudo bem, meu rei, vc esta na Bahia, sorria. Mas as vezes eh dificil relaxar. Principalmente quando da tudo errado, e vc esta cansando de uma viagem de mais de 4 horas se somarmos os atrasos. Saio do trabalho e procuro um taxi. Ponto vazio e pra variar chuva. Chuva na Bahia ha 3 dias e quase em pleno verao realmente nao parece boa sorte.

Na minha frente, o cheiro de acaraje e o sorriso da baiana vestida em trajes tipicos soam como um convite a usufruir daquele momento. Saio debaixo da marquise e me permito sentir a chuva. Nada mal. Molhar-se na chuva da Bahia eh como banhar-se com sabonete de sal grosso, imaginei. Lava a alma. Ou no minimo, molha a roupa.

Entro no taxi. Primeiro destino eh recuperar minha bagagem no ultimo hotel. O taxista nao sabe o caminho. Tudo bem, me refresquei na chuva baiana e os orixas vao me guiar. Sera ? 5 minutos e nada. Desco do taxi e apanho outro. Este conhecia o caminho. Malas recuperadas, sigo para o outro hotel. Sol Barra, la vou eu. Apesar de bem localizado, nao era dos mais pertos do trabalho. "Ah, eh la no farol", disse o taxista. De inicio achei que ele estivesse cantando uma musica de axe, depois entendi que se referia ao farol da barra. Mais um pouco e era capaz de eu encontrar a famosa Mila das cancoes de carnaval. Ok, sem devaneios, seguimos em frente.

Finalmente chega. Sol barra, o letreiro e desenho de um sol na fachada pareciam familiares. Olho pra dentro e confirmo. Bingo. Era o hotel que eu estivera em 1987 com meus pais e minhas irmas. Tinha apenas 10 anos, mas eh incrivel como parecia um registro de ontem guardado recente em minha memoria. O elevador no meio, na esquerda uma sala de TV e a piscina, na direita o restaurante. A chegada em uma rotatoria, margeando um jardim. Na frente, uma pracinha com uma drogaria e umas lojas de artesanato.

Entro no quarto e lembro de um frango de padaria que almocamos na ocasiao. Incrivel. Parece que nada mudou. Com excecao dos 2 computadores para hospedes na recepcao. Naquela epoca, nao existia internet, nem se sonhava com ipad. Bom, se considerarmos que nao existe wifi nos quartos, ate que realmente nao mudou quase nada.

Desco para dar uma volta e comer alguma coisa. Entro num restaurante a beira mar, bem simples. Eh isso que eu quero. Gente de carne e osso. "Tudo bem ?" , pergunta o garcom. "Tudo otimo", respondo, sem ele saber que eu me teletransportara para la. Peguei minha maquina do tempo e viajei 24 anos. Me sentia como o Macfly no De Volta para o Futuro.

Ao redor, chega um homem rastafari. Nada contra a tribo, mas esse ai nao estava nada puro. O gerente do restaurante afasta o sujeito. Engracado como em viagens temos olhos de aprendizes e somos muito mais tolerantes ao ambiente. Talvez porque nos colocamos na posicao de observadores. Ora, como se no dia a dia tambem nao fossemos mero viajantes desta nave-mae. Obrigado Deus por me permitir enxergar mais este aprendizado.

A comida felizmente demora. Tempo suficiente para eu apreciar a boa coletanea de musicas que tocava. "E meu coracao embora tente fazer mil viagens, fica batendo parado naquela estacao". Verdade.

Um comentário:

  1. ... meu amigo eu resumo : Bahia terra da felicidade ... volte sempre !!!

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