quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O Homem Invisível

Ao subir a escada da empresa, uma cena me tomou particularmente a atenção: havia um homem sentado no corredor que passava praticamente despercebido aos olhos da maioria. Enquanto vários funcionários subiam ou desciam a mesma escada, entravam e saiam das salas de reuniões, as pessoas ignoravam a presença do segurança.

O desprezo era tamanho que o homem parecia estar incorporado ao ambiente. Quase um homem invisível, pensei. Ao passar por ele, disse "bom dia, tudo bem !?". Um sorriso se abriu no rosto fechado e retribuiu com a mesma intensidade: "tudo ótimo, bom trabalho".

Depois disso, reparei como existem outros "homens e mulheres invisíveis" pela empresa e também ao longo do nosso dia-a-dia: crianças no sinal, caixas do supermercado que na maioria das vezes nem lembramos de seus rostos e tantos outros.

Para agravar meu desespero, estão instalando no meu prédio um aparato típico dos edifícios de São Paulo. Pensei que meu prédio estaria imune, mas não durou muito tempo. Trata-se de praticamente uma jaula, onde para entrar no prédio, vc precisa ficar "preso" em 2 portões antes do porteiro liberar sua presença. Se já existia pouca interação no condomínio, parece que haverá menos ainda.

Nos acostumamos com tanta coisa, mas não devíamos.

Precisamos cuidar dos outros para que também não nos tornemos mais um "homem invisível".

Ps. tirei esta foto do celular, quando dirigia pela Santo Amaro. Interessante o ambulante politizado, que colocou a seguinte frase escrita em seus carregamentos: "é só uma marola ?". Quem sabe, com esta frase, ele deixe de ser mais um "homem invisível" para aqueles que passam ...

4 comentários:

  1. Esse negócio de marola me lembra outra coisa ...

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  2. Estranho quando fui ao blog que você fez com muito carinho para meu sobrinho Leonardo (biólogo) deparei-me com referencias que você fez sobre "homem invisível". Não havia pensado que todos nós no mundo inteiro estamos "invisíveis". Na verdade eu só achava que nós os idosos somos "invisíveis". Pois infelizmente a medida que o tempo passa, e ele passa para todo ser humano, nos tornando velhos e mais frágeis pela própria idade. Aí fazemos tudo, (porque podemos fazer praticamente quase tudo) com uma certa lentidão, e, também aprendemos, com o passar dos anos que fazer as coisas correndo não implica necessáiamente em resultado mais positivo. Temos uma bagagem grande de conhecimento cultural e principalmente conhecimento da vida. Mesmo assim nos tornamos "invisíveis" para as pessoas ao nosso redor. E seu comentário me fez refletir sobre como todos, sem exceção, estamos nos tornando pessoas "invisíveis". Me pergunto: será a vida moderna, será que a vida nos tornou pessoas "umbigistas", será que poderia ser o medo do "outro" ou será "as pevisões" apontadas na bíblia. Só sei que com 64 anos percebi que o mundo inteiro está doente, pois falta amor ao próximo, caridade, benevolênia, o perdão e principalmente amor a nós mesmos. Como me entristece tudo isso, por essa razão estou deixando um comentário nesse assunto que você tão bem abordou. Parabéns, a sua sensiblidade me emocionou muito, principalmente por você ser tao jovem e ao mesmo tempo tão maduro e consciente do que se passa com o ser humano. Bjs Jenny Ibrahim Karam

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  3. Ibrahim, obrigado pelas palavras e pelos comentários. Com esse sobrenome (Karam), só poderia vir de uma pessoa especial como vc. Bjo no coração.

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  4. Cadê o homem invisivel parte 2?

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