domingo, 31 de janeiro de 2010

A Sereia e o Pescador


Poesia escrita em maio/2009 e somente agora decidi publicar.

Lá vem o mar, lá vem o mar
Com as ondas a levar
Um barquinho parece flutuar
Sem destino pra chegar

Perdido o pescador que não sabe nadar
Sem os remos que ajudam a navegar
Só com o leme já não pode aportar

No horizonte não parece encontrar um fim
Nem cidade, nem gente que sabe de mim
Sem saída o pescador que não sabe nadar
Sem rede para pescar
Num mar que não pode lhe ajudar

O sol lhe fez companhia
Mas o vento não lhe trazia alegria
Longe, longe, tão longe que desconhecia sua própria agonia
Se soubesse que não saberia
Jamais se perderia no lugar que sempre viveria
Triste o pescador que não sabe nadar

E sem saber que não saberia
A deriva, seguia o destino da sua sorte
Livre no mar e ao mesmo tempo preso no mesmo lugar
Gaivotas voavam ao redor que pareciam lhe confortar
Pela manhã, todos os dias vinham lhe visitar

Mas um dia voaram alto sem indícios de voltar
Soou como um convite para o barco abandonar
Ou seria uma afronta já que não tem asas para voar ?
Longe, deixaram um rastro no ar
Triste o pescador que não sabe nadar e não pode voar

Passaram-se horas que pareciam não passar
Dias que viraram noite e noites que viraram dia
Até que decidiu se jogar

E sem saber que se jogar era mergulhar sem poder nadar
Mergulhou no mergulho mais profundo
E o mar que se fez companheiro também se fez traiçoeiro
O mesmo pescador que não sabia voar, também já não pôde nadar

E antes de pensar em relutar, o mar lhe envolveu num apertado abraço
Tão forte que parecia sufocar
Por alguns instantes chegou a brigar
Mas as ondas não deixaram se salvar

E quando aceitou que já não poderia
Foi arrastado para o fundo do mar
Sentiu uma mão que parecia não lhe tocar
Mas que estava a me levar

E mesmo sem se perceber, lhe conduziu para a praia mais bela
Onde reencontrou as abençoadas gaivotas
E entendendo o que antes não entendia
Lá se fez sereno, e enfim dormiu
Feliz o pescador que soube amar
(By Dudu Guedes)

Um comentário:

  1. Oi Eduardo. Enquanto lia e divagava nas entrelinhas desta poesia tão cheia de significados...imaginava quem seria o autor de tão sensível obra. Parabéns!
    "Soou como um convite para o barco abandonar
    Ou seria uma afronta já que não tem asas para voar ?"

    Luciana

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